Histórias aleatórias



Existem histórias que se repetem vezes sem conta, esta é uma delas. Pode ser uma história igual a tantas outras, de inúmeras mulheres que lutaram pela sua própria sobrevivência.
É uma história relatada nos inícios do ano de 1985, mas tão real, tão infelizmente real que não se consegue contrariar nem controlar.

Fim previsível, ou talvez não!

 “Parte I

Acordas hoje sem grandes projetos.

O telefone toca, marcam um encontro: “Vem ter comigo ao Café da Rua”.

Tu sais de casa e vais ter ao cafezinho combinado, sentas-te numa cadeira da mesa do canto, refugiada da multidão que àquela hora frequenta o dito café.

Pedes uma bica e esperas, e essa pessoa ainda não chegou. Mil ideias passam por essa cabecinha pensante: Será que vem? Será que está com outra? Será que lhe aconteceu alguma coisa? Será que está a gozar comigo? Será que já não gosta de mim?

Mas finalmente ele chega, vem com uma cara de quem não descansou bem, noites mal dormidas, situações mal resolvidas, enfim aspeto e causa ainda desconhecidos.

Diz olá, mas não te dá um beijo.

Começa a falar e nada diz. Perguntas a razão deste encontro. Ele não consegue responder, olha para o infinito, parece ter um nó na garganta. De repente levanta-se e balbucia impercetivelmente: “Acabou-se”

Perguntas; “O quê? Acabou-se o quê? Diz que eu não entendo.”

- “Acabou a nossa relação!” - respondeu ele cabisbaixo.

- “Não, não pode ser, é mentira, estás a brincar, não estás?”

- “Não, é verdade, eu já não gosto de ti, foste uma relação bonita, mas acabou, chegou ao limite, vou sair da tua vida e tu vê se me esqueces, se esqueces onde moro não te quero ver mais, acabou!!!

Permaneceste calada, sem palavras para contestar aquele argumento sem nexo, ele saiu do café, foi-se embora para sempre. Não sabes o que fazer, não estavas nada à espera que alguém te dissesse tal frase, tal palavra, ficas estática durante muito tempo.

Chegam ao pé de ti, ao pé da tua mesa, tens uma chamada no telefone do café. Chegas ao telefone como que telecomandada e lá permaneces até ouvir a voz de um amigo teu. Que te diz: “O teu amor morreu com uma overdose”. Recebeste novo choque.

- “Não pode ser, é demais, ainda há pouco ele estava aqui comigo, não pode ser” – dizes tu.

- “Não, ele saiu daí há cerca de 4 horas e morreu há uma hora”- respondeu o teu amigo.

Saíste apressada sem saber para onde ir até que, sem teres essa noção estavas em frente à casa dele. Entras ou não entras.”
 

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